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Entrevista | Paulinha fala sobre atritos no PDT, fidelidade a Moisés e futuro político

Por: Marcos Schettini
26/01/2021 09:54 - Atualizado em 26/01/2021 09:55
Rodolfo Espínola/Agência AL

Líder do Governo na Alesc durante o período mais difícil para o governador Moisés, a deputada Paulinha da Silva (PDT) se manteve voraz para defender aquilo que acredita ser melhor para Santa Catarina.

Após os abalos que forçaram sua saída do cargo de aproximação entre Moisés e o Legislativo, a parlamentar continua convicta em seus ideais e afirma que o governador é uma “figura humana admirável”.

Com batalhas travadas até mesmo dentro da sigla na qual milita há 31 anos, Paulinha fala pela primeira vez sobre a realidade que vive no PDT e garante que não tem medo de lutar pelas coisas que acredita.

Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini, a deputada estadual brizolista diz estar sendo ameaçada de expulsão do Partido Democrático Trabalhista, comentou o que chama de leituras equivocadas sobre a Taxa de Preservação Ambiental (TPA) e taxou a Assembleia Legislativa como uma Casa machista. Confira:


Marcos Schettini: A Sra. combateu o impeachment de Carlos Moisés. Por quê?

Paulinha da Silva: Porque tinha convicção que o governador era inocente. Aliás, muitos de nós parlamentares sabíamos disso. O Estado sofreu uma fraude, essa que é a verdade. O momento era tão tenso em relação a fornecimento de insumos que acabou nos colocando nessa situação. O Estado errou por excesso de boa-fé, por medo de não ter onde comprar respiradores. Faltou competência da parte operacional? Sim! Mas o governador não poderia jamais ser afastado por isso, não foi ele que autorizou o ato.


Schettini: Onde foi que ele errou nos dois primeiros anos?

Paulinha: O governador demorou muito para se dar o direito de conhecer os outros representantes legítimos do povo. Havia muita blindagem, quase ninguém tinha acesso ao telefone dele. Não acho que a responsabilidade tenha sido apenas dele, mas de qualquer jeito o remédio que se queria dar era muito injusto, muito mais amargo que a doença. Porque quem convivia com ele minimamente sabia da sua retidão de caráter. Isso ninguém pode negar. E, francamente, o momento pandêmico também não ajudou. Difícil fazer desse tempo a régua ideal para julgamentos.

Schettini: Aquele governador do atual difere em quais atitudes?

Paulinha: Sinceramente? Para mim ele continua o mesmo, em defeitos e virtudes. O que mudou é que fora do período mais nebuloso da pandemia ele se tornou mais acessível, e está mais presente nas regiões do Estado. Moisés é um homem de natureza reservada. Mas é também uma figura humana admirável.


Schettini: A Sra. está quase saindo do PDT. Por quê?

Paulinha: Tudo o que eu não quero na vida é sair do PDT. Estou filiada há nada menos que 31 anos, e até então foi meu único partido. Mas tenho sido ameaçada de expulsão por razões simplesmente ridículas já tem algum tempo. As mentiras ao meu respeito, os boicotes, a sabotagem é tanta, que às vezes me sinto como uma mulher que apanha do marido e acredita que ele vai mudar, e por isso acaba não denunciando as agressões à polícia. No fundo, acho que o partido tem medo de romper as barreiras do improvável, e ser liderado de fato por uma mulher audaciosa, corajosa, que não se permite subjugar. É uma luta eterna. Muitos partidos não querem lideranças que não se permitem “controlar”. Tem também um jogo de interesses em razão das novas regras eleitorais, que assusta algumas pessoas do partido. Mas eu não tenho medo de lutar pelo que eu acredito. E vou esgotar todos os recursos dentro das instâncias partidárias. Essa é a primeira vez que falo tão abertamente sobre isso.

Schettini: Quais são seus projetos políticos para 2022?

Paulinha: Pode parecer fora da ordem o que vou te falar, mas não consigo desenhar um projeto político previsível. Estou tão ocupada em colocar para fora o que esses dois anos não permitiram, tenho tantos projetos, tantos sonhos, que não consigo pensar com clareza no passo que devo dar. Mas a lógica me leva para o caminho da reeleição. No entanto preciso, para isso, me reconciliar em definitivo com o parlamento. Acho que a nossa Casa está muito empobrecida. O ano que passou não foi dos melhores para o parlamento.


Schettini: Foi iniciado um trabalho com sua liderança e da economista Pilar Sabino. O que vem a ser?

Paulinha: É uma iniciativa extraordinária! Vamos colocar luz sobre as instituições privadas sem fins lucrativos, sem onerar o Estado. Acredito que chegaremos muito próximos da marca de 100 milhões em investimentos diretos no terceiro setor, o que só será possível porque a primeira-dama Késia acreditou em nós. E o governador também. Mas os resultados chegarão. Não tenho dúvida! E vão ajudar muita gente por toda Santa Catarina!


Schettini: Por que a Sra. faltou na votação de retorno de Julio Garcia ao mandato?

Paulinha: A sessão foi convocada das 15h para as 17h. Permaneci o máximo de tempo possível, mas tinha um procedimento médico no hospital que não dava para adiar. Tenho passado por alguns desconfortos que tendem a se agravar se eu não tomar os cuidados necessários. Quem convive comigo intimamente sabe o esforço diário para não interromper o trabalho. Ademais, meu voto não faria a menor diferença.


Schettini: A Alesc nunca teve uma presidente oficialmente eleita. A Casa é machista ou falta ousadia das mulheres?

Paulinha: Com todo o carinho e respeito que tenho pelos meus colegas, mas a Casa é machista, com toda a certeza. A presença de uma mulher na Presidência, por mais competente que seja, sequer é cogitada. No entanto faço questão de registrar que acredito muito no Mauro. Ele é um cara simples, ex-prefeito de cidade pequena, veio lá do interior. Acho mesmo que vai ser um bom presidente!

Schettini: O chamado pedágio municipal foi derrubado na Alesc. Por que a Sra. insiste na existência deste tributo?

Paulinha: Quem disse que a TPA foi derrubada pela Alesc está mentindo, como sempre esteve. A alteração proposta pelo deputado Ivan não diz isso, aliás, não diz nada a esse respeito. Não muda nada na prática. E esse era um dos motivos da nossa briga. A verdade é que essa lei foi aprovada como uma forma de castigo para mim, porque eu escolhi defender o Moisés quando o parlamento estava decidido em afastá-lo. E quem convive com a política mais amiúde sabe disso. Um castigo que eu recebi sem merecer, e sem me revoltar, porque estava disposta a defender aquilo que eu acredito que é certo e ponto. Mas eu preciso dizer que é inadmissível que um político, a fim de se promover, se sujeite a enganar as pessoas dessa forma.

Em outra oportunidade, se você me permitir, quero dar uma entrevista exclusiva para explicar o que é a TPA. Tenho convicção que esse esclarecimento vai mudar o pensamento de muita gente!


Schettini: Em que quadro está o Brasil? Mais um impeachment ou diálogo?

Paulinha: Não acredito em impeachment, mas não há como ignorar os inúmeros prejuízos que a figura do presidente tem trazido para o país, em específico no enfrentamento à Covid-19. Não fosse por sua intransigência, era para termos vacinado mais da metade da população a essa altura. Ele se negou a investir em vacinas. E o que temos hoje são pessoas que amamos morrendo, dia a dia. Ontem mesmo perdi duas pessoas muito especiais para mim, uma atrás da outra. Não consigo mais sentir a alegria plena da vida por conta disso. Tenho sofrido muito com o coronavírus, pessoalmente, e não o perdoo por ele ter nos tirado a chance de salvar mais vidas. Ele não é culpado pela existência da doença, claro, mas é culpado por não facilitar os avanços da ciência, por não tomar todas as medidas possíveis para proteger o nosso povo. Por outro lado, não acho que a essa altura é um impeachment que vai resolver o nosso caso. Precisamos, sim, encontrar uma alternativa viável para o país em 2022. Eu acredito na força do povo, na democracia, nas eleições. E acredito sim que podemos ter um novo presidente, mais equilibrado, mais justo, mais íntegro.


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